A comunidade de fãs de jogos de tiro em primeira pessoa recebeu nesta quarta-feira a confirmação de uma das teorias mais debatidas recentemente: Vladimir Makarov está de volta. A Activision divulgou o novo trailer de Call of Duty: Modern Warfare III, colocando os holofotes sobre um dos antagonistas mais emblemáticos da história da franquia. Antes mesmo do anúncio oficial, a base de jogadores já especulava sobre o retorno do vilão, impulsionada por pistas deixadas nas cenas pós-créditos do título anterior e por indícios minuciosamente analisados nos teasers.
Perfil de um terrorista sem bandeira
Para os novatos na série ou para quem precisa refrescar a memória sobre a lore da trilogia original, a figura de Makarov é complexa e brutal. Ele é descrito pelo General Shepherd não como um soldado comum, mas como alguém sem lealdade a nações ou ideais. Sua única fidelidade é ao dinheiro, operando sem qualquer limite moral, hesitação diante de genocídios ou tráfico humano.
Sua trajetória militar começou na academia de Frunze, servindo posteriormente como paraquedista e membro das forças especiais Spetsnaz, com atuação na Chechênia. Foi justamente sob seu comando que ocorreram alguns dos episódios mais violentos de “limpeza étnica” registrados na narrativa do jogo, o que gerou inquéritos internacionais sobre violação de direitos humanos. Ao optar pela exoneração para evitar condenações, Makarov iniciou sua cruzada pessoal de ódio contra o Ocidente e o próprio governo russo.
Ascensão ao poder e o massacre no aeroporto
A escalada de Makarov no submundo do crime global se consolidou através de sua aliança com Imran Zakhaev, líder ultranacionalista. Após salvar a vida de Zakhaev e ganhar sua confiança irrestrita, Makarov assumiu o controle de uma facção dissidente conhecida como “Círculo Interno” (Inner Circle) após a morte de seu mentor pelas mãos de John “Soap” MacTavish. No entanto, suas táticas extremistas acabaram isolando-o de alas mais moderadas do governo russo, lideradas por Boris Vorshevsky, que buscavam aproximação diplomática com os Estados Unidos.
Essa rejeição política foi o estopim para uma das missões mais controversas e memoráveis dos videogames: “No Russian”. No ataque ao Aeroporto Internacional Zakhaev, Makarov orquestrou um massacre civil calculado para incriminar os norte-americanos. Ele utilizou o soldado infiltrado Joseph Allen — uma peça no tabuleiro do General Shepherd — como bode expiatório, deixando seu corpo no local para forçar uma guerra total entre as duas superpotências nucleares.
A teia de traições e a aliança improvável
A complexidade da trama se aprofunda quando os planos de Shepherd e Makarov colidem. Enquanto o vilão russo tentava consolidar seu poder sequestrando o presidente Vorshevsky e executando ataques na Europa para fortalecer a Rússia, o general americano tentava limpar seus próprios rastros. Shepherd, sabendo que Makarov possuía provas de sua colaboração ilícita, traiu e eliminou membros da Força-Tarefa 141, incluindo o personagem Ghost.
Ironicamente, foi essa traição que levou o Capitão Price e MacTavish a buscarem a ajuda do próprio Makarov para localizar e eliminar Shepherd. Com o general fora do caminho, Makarov quase concretizou seu plano de dominação continental, mas acabou novamente na mira de Price em um confronto decisivo que encerrou o arco original.
Expansão para novas plataformas
Enquanto a narrativa de Modern Warfare III revisita esse antagonista lendário sob a tutela da Sledgehammer Games, o estúdio parece estar movimentando peças importantes nos bastidores para expandir o alcance da franquia. Informações recentes indicam que a desenvolvedora está em busca de talentos com experiência específica em hardware da Nintendo.
Uma vaga de emprego para “Artista Técnico Sênior”, descoberta no LinkedIn, lista como um diferencial desejável a experiência com “AAA mobile ou Switch”. Embora a Sledgehammer tenha atuado apenas como suporte no recente Call of Duty: Black Ops 6, o estúdio foi o responsável principal por Modern Warfare III, o que dá peso a essa movimentação. Esse recrutamento alinha-se com o compromisso firmado entre Microsoft e Nintendo em 2022, oficializado legalmente no ano seguinte após a aquisição da Activision Blizzard, que prevê o lançamento de títulos de Call of Duty para as plataformas da Nintendo pelos próximos dez anos. Tudo indica que, além de reviver vilões clássicos, o futuro da série envolve abraçar um novo público de jogadores.